LULA DEPÕE EM SEGREDO NA POLÍCIA FEDERAL POR DUAS HORAS.
ELE GANHA DIREITO A DEPOR AO MPF ANTES DA DATA E EM LOCAL ERMO - (16/12/2015)
A PROCURADORIA GERAL DA REPÚBLICA NÃO SE PRONUNCIOU SOBRE O TRATAMENTO
PRIVILEGIADO A LULA, PARA DRIBLAR A IMPRENSA.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva prestou um depoimento nesta
quarta-feira, 16, em Brasília. A oitiva, de cerca de duas horas, ocorreu
durante a manhã no prédio da Procuradoria-Geral de Justiça Militar, ramo do
Ministério Público da União que apura crimes militares.
O edifício fica no Setor de Embaixadas Norte, local ermo de Brasília. A
presença do ex-presidente causou estranheza aos funcionários do órgão, cuja
atuação nada tem a ver com investigações em curso envolvendo o nome de Lula ou
pessoas de seu entorno.
Lula foi visto no local por empregados do prédio entre 10h e 12h A
Diretoria-Geral da Procuradoria-Geral de Justiça Militar informou à reportagem
ter recebido um telefonema do Ministério Público Federal (MPF) na véspera,
entre as 19h e 20h, solicitando o uso de uma sala no segundo andar para um
"atendimento". Os servidores do órgão informaram que souberam que se
tratava de uma oitiva de Lula quando o ex-presidente desceu do carro e se
dirigiu à sala.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki, autorizou um
depoimento de Lula na condição de testemunha em inquérito da Operação Lava Jato
que apura formação de quadrilha por políticos. Contudo, a Procuradoria-geral
não informou nesta quarta-feira se a oitiva está relacionada com esse caso.
A Polícia Federal expediu intimação para que o petista deponha nesta
quinta-feira, 17, na sede da PF, em Brasília, sobre suposto esquema de compra
de medidas provisórias em seu governo. O caso é investigado na Operação
Zelotes. Questionada, a Procuradoria da República no Distrito Federal, no
entanto, informou que o depoimento desta quarta não está relacionado a esse
caso. O Instituto Lula explicou que Lula ainda não foi notificado e, por isso,
"não há previsão" de que ele fale tampouco na data agendada.
O filho de Lula, Luís Cláudio Lula da Silva, é investigado na Zelotes porque
recebeu R$ 2,5 milhões de um lobista suspeito de atuar na "compra" de
MPs, como revelou o jornal O Estado de S Paulo em outubro. Os investigadores
sustentam que o pagamento pode estar relacionado à edição de normas que
concediam incentivos fiscais a montadoras de veículos.
O ex-presidente é investigado pelo MPF em outro inquérito por suposto tráfico
de influência em outros países para favorecer a Odebrecht. O órgão, contudo,
alega que também não houve depoimento sobre esse caso nesta quarta-feira. Lula
foi ouvido a respeito em outubro. Na ocasião, a oitiva também ocorreu em local
secreto.
A Procuradoria-Geral da República não se pronunciou.
Procurado, o advogado de Lula, Cristiano Zanin Martins, não retornou aos
telefonemas da reportagem. O Instituto Lula informou que não se pronunciaria a
respeito.
diariodopoder.com.br/noticia.php?i=46231323754
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