VIVA PAULO FREIRE!
Vocês conhecem alguém que tenha sido alfabetizado pelo método Paulo Freire?
Alguma dessas raras criaturas, se é que existem, chegou a demonstrar
competência em qualquer área de atividade técnica, científica, artística ou
humanística? Nem precisam responder. Todo mundo já sabe que, pelo critério de
"pelos frutos os conhecereis", o célebre Paulo Freire é um ilustre
desconhecido.
As técnicas que ele inventou foram aplicadas no Brasil, no Chile, na
Guiné-Bissau, em Porto Rico e outros lugares. Não produziram nenhuma redução
das taxas de analfabetismo em parte alguma.
Produziram, no entanto, um florescimento espetacular de louvores em todos os
partidos e movimentos comunistas do mundo. O homem foi celebrado como gênio,
santo e profeta.
Isso foi no começo. A passagem das décadas trouxe, a despeito de todos os
amortecedores publicitários, corporativos e partidários, o choque de realidade.
Eis algumas das conclusões a que chegaram, por experiência, os colaboradores e
admiradores do sr. Freire:
"Não há originalidade no que ele diz, é a mesma conversa de sempre. Sua
alternativa à perspectiva global é retórica bolorenta. Ele é um teórico político
e ideológico, não um educador." (John Egerton, "Searching for
Freire", Saturday Review of Education, Abril de 1973.)
"Ele deixa questões básicas sem resposta. Não poderia a 'conscientização'
ser um outro modo de anestesiar e manipular as massas? Que novos controles
sociais, fora os simples verbalismos, serão usados para implementar sua
política social? Como Freire concilia a sua ideologia humanista e libertadora
com a conclusão lógica da sua pedagogia, a violência da mudança
revolucionária?" (David M. Fetterman, "Review of The Politics of
Education", American Anthropologist, Março 1986.)
"[No livro de Freire] não chegamos nem perto dos tais oprimidos. Quem são
eles? A definição de Freire parece ser 'qualquer um que não seja um opressor'.
Vagueza, redundâncias, tautologias, repetições sem fim provocam o tédio, não a
ação." (Rozanne Knudson, Resenha da Pedagogy of the Oppressed; Library
Journal, Abril, 1971.)
"A 'conscientização' é um projeto de indivíduos de classe alta dirigido à
população de classe baixa. Somada a essa arrogância vem a irritação recorrente
com 'aquelas pessoas' que teimosamente recusam a salvação tão benevolentemente
oferecida: 'Como podem ser tão cegas?'" (Peter L. Berger, Pyramids of
Sacrifice, Basic Books, 1974.)
"Alguns vêem a 'conscientização' quase como uma nova religião e Paulo
Freire como o seu sumo sacerdote. Outros a vêem como puro vazio e Paulo Freire
como o principal saco de vento." (David Millwood, "Conscientization
and What It's All About", New Internationalist, Junho de 1974.)
"A Pedagogia do Oprimido não ajuda a entender nem as revoluções nem a
educação em geral." (Wayne J. Urban, "Comments on Paulo Freire",
comunicação apresentada à American Educational Studies Associationem Chicago,
23 de Fevereiro de 1972.)
"Sua aparente inabilidade de dar um passo atrás e deixar o estudante
vivenciar a intuição crítica nos seus próprios termos reduziu Freire ao papel
de um guru ideológico flutuando acima da prática." (Rolland G. Paulston,
"Ways of Seeing Education and Social Change in Latin America", Latin
American Research Review. Vol. 27, No. 3, 1992.)
"Algumas pessoas que trabalharam com Freire estão começando a compreender
que os métodos dele tornam possível ser crítico a respeito de tudo, menos
desses métodos mesmos." (Bruce O. Boston, "Paulo Freire", em
Stanley Grabowski, ed., Paulo Freire, Syracuse University Publications in
Continuing Education, 1972.)
Outros julgamentos do mesmo teor encontram-se na página de John Ohliger, um dos
muitos devotos desiludidos (http://www.bmartin.cc/dissent/documents/Facundo/Ohliger1.html#I).
Não há ali uma única crítica assinada por direitista ou por pessoa alheia às
práticas de Freire. Só julgamentos de quem concedeu anos de vida a seguir os
ensinamentos da criatura, e viu com seus própios olhos que a pedagogia do
oprimido não passava, no fim das contas, de uma opressão da pedagogia.
Não digo isso para criticar a nomeação póstuma desse personagem como
"Patrono da Educação Nacional". Ao contrário: aprovo e aplaudo
calorosamente a medida. Ninguém melhor que Paulo Freire pode representar o
espírito da educação petista, que deu aos nossos estudantes os últimos lugares
nos testes internacionais, tirou nossas universidades da lista das melhores do
mundo e reduziu para um tiquinho de nada o número de citações de trabalhos
acadêmicos brasileiros em revistas científicas internacionais. Quem poderia ser
contra uma decisão tão coerente com as tradições pedagógicas do partido que nos
governa? Sugiro até que a cerimônia de homenagem seja presidida pelo
ex-ministro da Educação, Fernando Haddad, aquele que escrevia
"cabeçário" em vez de "cabeçalho", e tenha como mestre de
cerimônias o principal teórico do Partido dos Trabalhadores, dr. Emir Sader,
que escreve "Getúlio" com LH. A não ser que prefiram chamar logo,
para alguma dessas funções, a própria presidenta Dilma Roussef, aquela que não
conseguia lembrar o título do livro que tanto a havia impressionado na semana
anterior, ou o ex-presidente Lula, que não lia livros porque lhe davam dor de
cabeça.
(Olavo de Carvalho - Diário do Comércio 19/04/2012)
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