Inquérito apura se mais agentes públicos estão envolvidos
No ofício à Justiça Federal em que põe o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva como investigado da Operação Zelotes, o delegado da Polícia Federal
Marlon Cajado faz uma enfática defesa do inquérito policial, segundo ele, um
"instrumento legal de investigação e inclusive uma garantia de mais
transparência".
"A instauração de novos inquéritos para apurar outras condutas ilícitas
atribuíveis à organização criminosa, e até a participação de novos indivíduos à
mesma não se trata de nenhuma ilegalidade", assinala Cajado.
"Entender de outra forma é assumir que a proposição de ação penal preclui
a apuração de qualquer outro crime que possa ser atribuído a alguém, ou mesmo a
invenção de uma forma extralegal de prescrição da pretensão punitiva do Estado
com relação a outras condutas e outras pessoas, as quais podem ser processadas
em nova ação penal se assim entender por bem o Ministério Público."
Para o delegado, quando um inquérito cumpre "o seu desiderato inicial de
trazer indícios suficientes de materialidade e autoria, o mesmo deve ser
relatado e proposta a ação penal".
O inquérito é uma peça policial quase sempre contestada por advogados de
investigados que não admitem a sua importância.
O documento que cita Lula foi enviado no dia 2 ao juiz Vallisney de Souza Oliveira,
da 10ª Vara Federal, em Brasília, para rebater críticas de advogados de que
haveria um inquérito paralelo investigando os mesmos fatos já denunciados à
Justiça.
O delegado afirmou que o inquérito em curso na Zelotes apura se mais agentes
públicos estão envolvidos no suposto esquema de "compra" de medidas
provisórias, entre eles o ex-presidente. Cajado conduz desde o início a
Zelotes, que investiga a compra de medidas provisórias que teriam beneficiado
setores da indústria com incentivos fiscais.
'Vitimização'
Na semana passada, quando foi tornado público o ofício da PF à Justiça Federal,
o advogado Cristiano Zanin Martins, que representa Lula, disse que o documento
não muda formalmente a situação do ex-presidente no inquérito. "O delegado
está investigando a possível 'vitimização' de outras pessoas, entre elas Lula.
Estão investigando se estavam 'vendendo fumaça', usando o nome do
ex-presidente", disse o advogado, na ocasião. (AE)
Foto: Geraldo Majela - Suspeita de esquema que vendia medidas provisórias -
Diário do Poder
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