A família do ex-líder petista e prefeito de Santo André,
Celso Daniel, acha que seu assassinato foi a mando da cúpula do PT, que na
época era capitaneado por Lula, Zé Dirceu e Gilberto Carvalho, uma "santa
trindade".
O fato é que a polícia do estado de São Paulo nunca conseguiu esclarecer
plenamente tal crime. E aí vem a Operação Carbono 14 e reabre uma ferida que
Lula e o PT gostariam de ver esquecida e enterrada como Celso Daniel.
O juiz Sérgio Moro (Foto), ao autorizar a Operação Carbono 14 mexeu num vespeiro
complicado, que já rendeu recentemente insinuações até por parte do ministro
Gilmar Mendes, tanto que até já gerou nota do patético Instituto Lula, que não
deixa dúvidas ao afirmar que a reabertura de um caso encerrado em todas as
instâncias judiciais, a partir do que chama de ilações sem fundamento, é mais
uma prova de perseguição política de Sérgio Moro contra Lula, sendo uma
arbitrariedade e uma afronta ao Supremo Tribunal Federal.
O foco das investigações nesta nova fase da Operação Lava jato, apelidada de
Operação Carbono 14, foi um empréstimo fraudulento de R$ 12 milhões junto ao
Banco Schahin que o pecuarista, amigo de Lula, José Carlos Bumlai contraiu
junto ao Banco Schahin em outubro de 2004, e tem tinha por objetivo quitar
dívidas do PT.
As investigações até agora descobriram que, do valor total emprestado a Bumlai,
no mínimo R$ 6 milhões foram repassados ao empresário Ronan Maria Pinto. Estes
repasses foram feitos usando-se várias estratégias de transferência de
recursos, formatando um amplo esquema de lavagem de dinheiro.
Quem inicialmente citou o pagamento feito por Bumlai a Ronan o publicitário
Marcos Valério em um de seus depoimentos. Marcos Valério foi condenado por ser
operador do esquema do Mensalão e já é figurinha fácil nos esquemas de propinas
até então apurados. Este depoimento de Marcos Valério teria ocorrido em 2012,
quando ele relatou à Procuradoria-Geral da República que Sílvio Pereira,
ex-secretário-geral do PT, procurou-o em 2004 para tratar sobre as chantagens
feitas por Ronan Maria Pinto, e que numa reunião com Pereira e o publicitário,
Ronan teria pedido os R$ 6 milhões para ficar calado.
Ou seja, a questão é que o alvo das investigações, como eu já disse, não era o
caso Celso Daniel, mas sim a apuração de novas evidências de corrupção com
dinheiro da Petrobrás, e o nome do prefeito de Santo André e seu assassinato
apareceram durante as investigações, logo, isto não é perseguição, mas sim
investigação.
O que até então tem aparecido é que o empresário Ronan Maria Pinto teria chantageado
Lula e o PT e ameaçava dar informações sobre o suposto envolvimento de Lula,
José Dirceu e Gilberto Carvalho no assassinato de Celso Daniel, e que teria
sido silenciado com dinheiro saído da Petrobrás, num total de seis milhões de
reais.
De acordo com o Ministério Público de São Paulo, Celso Daniel foi assassinado
por ter descoberto a cobrança de propinas e, por não concordar, ter tentado
impedi-la. Estas propinas seriam para abastar o "caixa dois" do PT,
segundo dizem os promotores, embora a polícia afirme que Celso Daniel foi morto
num crime comum.
É estranho que agora os advogados de Lula digam que ele sempre agiu dentro da
legalidade e que não há motivo que pudesse justificar uma tentativa de extorsão
ao ex-presidente e que a polícia, ao investigar o caso, não tenha identificado
qualquer elemento que pudesse conferir veracidade às declarações de Marcos
Valério.
É muito estranho que os advogados de Lula e o próprio Instituto Lula agora
venham querer politizar esta mera investigação de mais um ato corrupção, que
tem demonstrado ter relação com a morte de Celso Daniel. O que há a temer? O
que Sérgio Moro pode descobrir?
02/04/2016 - *João Jorge Braga é natural de Minas Gerais
e estuda a política brasileira desde 1950. -debatesculturais.com.br/lula-nao-quer-que-sergio-moro-investigue-o-assassinato-de-celso-daniel/
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