Em 25 de fevereiro, no mesmo post em que comentei sobre o
valor de 1,5 milhão de dólares do petrolão recebido pelo marqueteiro João
Santana durante a campanha de reeleição de Dilma Rousseff, escrevi aqui:
"A reprovação das contas de campanha de Fernando Pimentel [PT-MG] pelo TSE
por extrapolar em pelo menos 10 milhões de reais o valor previsto torna ainda
mais ilegítima a reeleição de Dilma Rousseff, que explorou na campanha
presidencial de 2014 o fracasso do senador Aécio Neves em emplacar o segundo
sucessor tucano no governo de Minas Gerais.
Pimentel, cujo mandato de governador poderá ser cassado, venceu logo no
primeiro turno Pimenta da Veiga por 52,98% a 41,89% dos votos, o que ainda
deixou Aécio com muito menos palanque no estado para o segundo turno de sua
campanha presidencial.
A vitória de Dilma sobre Aécio em Minas por 51,64% a 48,36% dos votos foi
decisiva para a reeleição da petista na acirrada disputa nacional com o tucano.
Em suma: Dilma foi eleita, reeleita e mantida no poder à base de grandes,
enormes e supremos golpes no país."
Agora, a delação premiada do empresário e operador do PT Benedito de Oliveira
Neto, o Bené, no âmbito da Operação Acrônimo, reforça ainda mais a minha tese.
Como se sabe, ele contou à Polícia Federal que teve de providenciar uma
quitinete em Brasília para guardar o dinheiro arrecadado para o caixa dois da
campanha de Pimentel em 2014, chegando a armazenar R$ 12 milhões em espécie no
imóvel.
O Instituto Vox Populi – o favorito de petistas e blogs sujos do PT na hora de
citar (e, mesmo assim, distorcer) dados de pesquisas de opinião* – lavou
dinheiro de propina para Fernando Pimentel, segundo o depoimento de Bené
reproduzido pela Época:
"Cerca de R$ 750 mil foram pagos mediante a quitação de despesas da
campanha eleitoral de Pimentel junto ao Instituto Vox Populi. E, para
viabilizar esse pagamento ao Instituto Vox Populi, o colaborador conversou com
HUMBERTO e com um diretor comercial do instituto, MARCIO HIRAN, para que eles
ajustassem a emissão da nota fiscal e a efetivação do pagamento. Os serviços
declarados na nota fiscal não foram efetivamente prestados ao grupo JHSF, mas
sim à campanha eleitoral de 2014 de FERNANDO PIMENTEL."
O Radar de VEJA informa nesta sexta-feira: "Enquanto Fernando Pimentel
tenta no STF impedir que o STJ aceite a denúncia que sobre ele pesa devido à
operação Acrônimo, ministros do Superior Tribunal já discutem até mesmo a
necessidade de se determinar o afastamento cautelar do governador do
cargo".
É mesmo espantoso que Pimentel ainda não tenha se unido a Dilma no time dos
afastados, que inclui também Eduardo Cunha. A conexão Dilma-Pimentel é caso de
polícia.
Bené ainda afirmou que Giles Azevedo, um dos mais próximos assessores de Dilma,
usou um contrato de R$ 44,7 milhões da Secretaria de Comunicação da Presidência
com a agência Click para pagar dívidas da campanha de Dilma com a agência
Pepper. É a primeira denúncia sobre desvio de dinheiro do Planalto para a
campanha presidencial e a enésima amostra do quão patética é a ideia de que
Dilma foi eleita democraticamente.
Para completar, e-mails em posse da Procuradoria-Geral da República, de acordo
com informações de Merval Pereira, mostram que "a ministra" Dilma
sabia do arranjo de propina para políticos do PT na compra de Pasadena (a
popular #PassaDilma) antes da aprovação do negócio – como Nestor Cerveró disse
supor – e também que o esquema na Petrobras pagou despesas pessoais como seu
cabelereiro Celso Kamura e até um teleprompter especial (adaptado à gramática
da mulher sapiens).
Isto sem falar, claro, nas denúncias de Delcídio do Amaral confirmadas por
Marcelo Odebrecht de que ela atuou para atrapalhar a Lava Jato no STJ e na
gravação de sua conversa com Lula sobre o termo de posse para evitar a prisão
do antecessor.
A questão não é mais se Dilma voltará ao governo, mas se – e quando – vai com
Pimentel para a cadeia.
*******
-veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil/cultura/questao-nao-e-mais-se-dilma-voltara-ao-governo-mas-se-e-quando-vai-com-pimentel-para-a-cadeia/
- 03/06/2016
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